quarta-feira, 12 de dezembro de 2012



SOCIALIZAÇÃO DAS MAQUETES



Mercado de Peixe: o 1º grande mercado feito de ferro

Foto: Daniel Pinto
Nossa cidade ainda conserva prédios autênticos que testemunham a sua história, são conjuntos arquitetônicos que remontam desde o período colonial – da sua fundação às grandes reformas realizadas pela coroa portuguesa no século XVIII – até a época fausta da borracha, na passagem do século XIX para o XX.
Com os investimentos promovidos pelo rico comércio da borracha os mercados públicos sofreram melhorias sanitárias e receberam novas instalações segundo as mais recentes tecnologias de construção da época, estruturas pré-moldadas de ferro fundido. O primeiro grande mercado feito totalmente de ferro erguido em Belém em foi o Mercado de Peixe, intervenção feita no Ver-o-Peso que se tornou o cartão postal da cidade.
Inaugurado em 1º de dezembro de 1901 pelo intendente Antônio Lemos, esse monumental prédio de 31 m de fachada, lateral de 67 m e 11 m de altura figura imponente às margens da baía com as suas quatro torres características. Foi construído pelos engenheiros Bento Miranda e Raymundo Vianna que, mediante contrato com o governo municipal, exploraram-no comercialmente por vinte anos. Sua procedência é um mistério, já que não há qualquer registro que ateste sua origem; contudo, indiscutivelmente, foi importado dos EUA ou Europa, já que o Brasil não dispunha de uma indústria siderúrgica capaz de produzir um prédio de tais proporções.  (DOL)

Chalé da UFPA: morada de famílias ricas

As fontes documentais sobre os chalés de ferro em Belém são escassas pela razão de serem prédios para a habitação de campo de famílias ricas da época que, diferentemente dos prédios públicos, não eram objeto de notas na imprensa.
Belém possui mais dois exemplares: o chalé de ferro que se encontra no Bosque Rodrigues Alves e o da Imprensa Oficial, que foi desmontado nos anos 80 e inexplicavelmente enterrado no Bosque, decisão que levou à perda irreversível de sua estrutura; encontra-se abandonado na Universidade Federal do Pará.
Sobre o Chalé da UFPA, até o momento se desconhece a sua procedência, como o seu ano de montagem. Sabe-se que pertenceu a Álvaro Adolpho e que foi nesse chalé metálico a primeira Faculdade de Arquitetura da Amazônia. (Armando Sobral/Curador do projeto A Era do Ferro)

Farol de Salinas marca o cenário da cidade litorânea

Foto: Ney Marcondes
Outra notável estrutura metálica de valor histórico encontra-se a 220 km de Belém, em Salinópolis. Marcante no cenário dessa graciosa cidade litorânea, o Farol destaca-se como marco visual tanto de dia com sua imponente torre de 40 metros de altura, quanto a noite com seus fachos de luz que se projetam para o horizonte.
Foi construído em Paris, em 1893, por F. Barbier & Cie. Constructeurs e levado primeiramente para Apeú. Em seguida foi desmontado e instalado definitivamente em Salinas, em 1937. (Armando Sobral/Curador do projeto A Era do Ferro)
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Reservatório de São Brás: histórico do saneamento em Belém

Foto: Daniel Pinto
Dentre as melhorias consideradas essenciais estava o abastecimento de água para a população. Diversas estruturas de ferro foram importadas da Europa e, dentre elas, duas se destacaram no cenário urbano da cidade de Belém: a caixa de água Pais de Carvalho demolida e transformada em sucata em 1965 – restou apenas o seu portão que se encontra na entrada do Parque da Residência – e o reservatório de São Brás.
O material em ferro desse gigantesco reservatório foi fornecido pela casa Tony Dussiex de Paris e inaugurado em 1885. Com sua enorme capacidade de armazenamento de água, em torno de 1.570.000 litros, foi responsável pelo abastecimento da cidade durante muitos anos.  (Armando Sobral/Curador do projeto A Era do Ferro)

Coretos: peças que embelezam praças e vias públicas

Foto: Mauro Ângelo
Peças  visuais que se destacam em diversas praças da capital paraense, os coretos eram investimentos que não se limitaram apenas em melhorar na infra-estrutura, ou em grandes prédios para atender as atividades econômicas da cidade. Trazidos  da Europa eram os mais variados tipos de equipamentos urbanos em ferro destinados ao embelezamento de praças e vias públicas como postes, quiosques, coretos, esculturas, etc.
A partir de 1878, com a inauguração do Teatro de Nossa Senhora da Paz, o antigo Largo da Pólvora recebe uma urbanização modesta e passa a ser chamado de Praça de República, a partir de 1889 com a mudança de regime. Porém, foi somente na administração de Antônio Lemos, entre 1897 e 1912, que esta imponente área verde foi definitivamente urbanizada, projeto que incluiu a instalação de dois pavilhões de ferro de origem francesa: o Euterpe, que se encontra atrás do teatro e o que foi estudado neste projeto, o Pavilhão, ou coreto, Santa Helena Magno.  (Armando Sobral/Curador do projeto A Era do Ferro)

Relógio de Ferro: uma das belezas do Ver-O-Peso


Praça do Relógio. Foto: Daniel Pinto
Além das quatro torres do Mercado de Peixe, outro marco visual da cidade é o Relógio de Ferro do Ver-O-Peso. Em uma área onde encontrava-se o prédio da Bolsa da Borracha, uma espécie de bolsa de valores para a venda do látex demolido em 1915, foi encomendado da famosa indústria inglesa Walter Macfarlane & Co. um grande relógio de ferro de 12 metros de altura, para figurar no plano de urbanização do Intendente Antônio Faciola, em 1930.
Contudo, em outubro estourou a Revolução de 30 que pôs fim à Velha República e afastou do poder tanto o Intendente como o governador Eurico Vale. No lugar foi empossado o major Magalhães Barata, que inaugurou a Praça Siqueira Campos em 1931, hoje conhecida como Praça do Relógio. (Armando Sobral/Curador do projeto A Era do Ferro)

O Mercado de Carne e sua história

Foto: Octavio Cardoso
A história do Mercado de Carne é antiga, remonta a 1867 quando foi construído, em alvenaria de tijolos, o Mercado Municipal de Belém em uma quadra entre a 16 de novembro e a Boulevard Castilho França. Devido ao intenso movimento comercial que sobrecarregava o recém inaugurado Mercado de Ferro, ou de Peixe, a partir de 1901, as autoridades locais sentiram a necessidade de promover melhorias estruturais e sanitárias no velho prédio do Mercado Municipal.
As obras foram confiadas ao engenheiro Francisco Bolonha que, além de construir um segundo pavimento com salas para estocar produtos sobre o velho prédio de alvenaria, instalou no seu pátio interno um belo conjunto arquitetônico de ferro importado da Escócia, da fundição Walter Macfarlane & Co., composto de quatro grandes pavilhões, um pequeno chalé e uma estrutura que serviu primeiramente para suportar o reservatório de água e que se transformou, depois de desativado, em um magnífico mirante com escada em caracol. A inauguração das novas instalações do Mercado Municipal aconteceu em 17 de dezembro de 1908 e por ser destinado, principalmente, à comercialização da carne passou a ser chamado, com o tempo, de Mercado de Carne.
Este impressionante exemplar da arquitetura do ferro no Brasil é parada obrigatória para quem visita Belém e procura conhecer um pouco da sua história. Vale ressaltar que o prédio foi recentemente restaurado pelo governo federal.  (Armando Sobral/Curador do projeto A Era do Ferro)

Gasômetro: traços da arquitetura de ferro do século XIX

Foto: Marcelo Lelis
O Gasômetro  é um belo exemplar de galpão, ou armazém, da arquitetura do ferro. Remonta ao final do século XIX quando foi trazido da Europa, provavelmente da Inglaterra, para a abrigar ao lado da Praça Amazonas, na época chamada de Largo de São José, a Cia. de Gás de Belém.
A empresa foi responsável pela iluminação pública da cidade até por volta dos anos 20, quando a eletricidade substituiu a iluminação à gás e o prédio perdeu sua finalidade e foi incorporado à uma empresa particular. No decorrer de décadas serviu de coberta para diversos fins até ser doado, nos anos 90, para a Secretaria de Cultura do Estado.
Em 1997 foi completamente reformado e remontado no Parque da Residência pelo arquiteto Paulo Chaves que aproveitou bem seu generoso vão de 1200 m² ao destiná-lo para atividades culturais, com teatro e outras dependências menores.   (Armando Sobral/Curador do projeto A Era do Ferro)
01. Galpão da CDP (Companhia Docas do Pará) [saiba mais] [vídeo: como montar] | Publicação: 19/04/12

02. Gasômetro [saiba mais] [vídeo: como montar] | Publicação: 26/04/12
03. Mercado de Carne (duas pranchas) [saiba mais] [vídeo: como montar] | Publicação  da prancha 1: 03/05/12 | Publicação  da prancha 2: 10/05/12

04. Relógio do Ver-o-Peso [saiba mais] [vídeo: como montar]Publicação: 17/05/2012
05. Coreto da Praça da República [saiba mais] [vídeo: como montar]Publicação: 24/05/2012

06. Caixa d’Água de São Braz [saiba mais] [vídeo: como montar]Publicação: 31/05/2012

07. Farol de Salinas [saiba mais] [vídeo: como montar] | Publicação: 07/06/2012

08. Chalé da UFPA [saiba mais] [vídeo: como montar] | Publicação: 14/06/2012
09. Mercado de Peixe (três pranchas) [saiba mais] [vídeo: como montar] | Publicação da prancha 

A Era do Ferro: Memória e Patrimônio

 

Armando Sobral, curador do projeto A Era do Ferro no Pará
Em 12 de janeiro de 2016 Belém completará 400 anos, a data é significativa para todos nós; como as velhas mangueiras que nos protegem do sol, Belém nos acolhe, é a nossa morada. Este lugar foi erguido com o suor das lutas, sonhos, mitos e fantasias, vividas e contadas por todos que aqui nasceram e criaram seus filhos, pessoas que desbravaram esta terra exuberante e deixaram um legado de quase quatro séculos de história reunidos em sua cultura, prédios e ruas. Hoje continuamos a saga iniciada por nossos antepassados e, assim como eles, queremos ver nossos descendentes crescerem felizes em um lugar onde possam se identificar e prosperar seguros. Contudo, pensar no futuro é respeitar e conhecer o passado, em outras palavras, preservar a nossa memória. Uma comunidade que não zela por sua memória e tradições perde as suas bases, desagrega-se e perece; não basta olharmos apenas para o que conquistamos ou possuímos, devemos cuidar do que é coletivo, isto é, ser cidadão. Os elos com a nossa cidade têm se tornado cada vez mais tênues a ponto de assistirmos impotentes esta velha Senhora ser desrespeitada com todas as formas de vandalismos e descaso, até por aqueles que tem a obrigação em mantê-la; ofensas injustificáveis contra esse Ente generoso que nos provém de tudo em abundância. Precisamos cuidar melhor da nossa querida Belém, levar a sua história para as novas gerações e reforçar neles os laços afetivos com a sua própria cidade, é a melhor maneira de preservá-la; antes que outros a reivindiquem e desfigurem o nosso passado – a propósito, não estamos muito longe disso.
Este projeto entende que o modo mais eficiente de resguardar a nossa memória é através da educação, visão que levou à elaboração de um programa ambicioso que conta com a publicação de milhares de maquetes de prédios históricos para serem montados pela população, laboratório com estudantes de arquitetura, palestras e exposições nas escolas públicas como maneira de conscientizar a sociedade acerca da importância em preservar nosso belo e peculiar patrimônio histórico arquitetônico.
A Era do Ferro no Pará revela Belém entre o fim do século XIX e começo do XX, quando se verifica o florescimento econômico da região e a ascensão de uma burguesia enriquecida com o comércio da borracha.  Nessa época a capital sofreu as mais profundas transformações e foi remodelada segundo um ideal identificado com as modernizações ocorridas nas cidades européias, modificadas pela Revolução Industrial durante o século XIX. É quando belos parques e áreas verdes como a Praça de República e a Batista Campos surgem no cenário urbano de Belém e uma nova arquitetura feita totalmente de ferro trazida da Europa é erguida na Amazônia, hoje adotada como marcos visuais de grande valor simbólico e afetivo para o paraense: o Mercado de Peixe, o Relógio de Ferro, o Mercado de Carne, o reservatório de São Brás, os galpões do porto das Docas, dentre outros. As melhorias urbanas feitas no período como as reformas dos mercados públicos, alargamento de ruas e calçadas, rede de esgoto e abastecimento, urbanização de bairros, embelezamento de vias públicas e praças, reestruturou a cidade de tal forma que ainda hoje dependemos desses grande feitos. Realizações possíveis somente em uma sociedade com aguda visão de futuro, auto-estima inabalável e profundo sentimento de amor e cuidado por sua cidade.
Quando olhamos para nossa quadringentenária Belém, ainda hoje ameaçada por aqueles que ignoram nossos valores, sentimos uma certa melancolia pelas perdas irreparáveis de nosso patrimônio, como também por um benéfico sentimento de orgulho por pertencermos a uma cultura tão rica e de passado memorável, que, como foi dito anteriormente, deve ser contado aos nossos filhos e netos.
ALUNOS ASSISTINDO O VÍDEO SOBRE PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA CIDADE DE BELÉM.







ALUNOS PRODUZINDO TEXTOS